Enquanto aguardava na agência dos correios de Edron, Snoopy Moony ouviu pessoas comentando algo sobre os Caçadores de Espíritos. Imediatamente aquelas palavras chamaram sua atenção. Ela estava desesperada por uma nova aventura e, ansiosa para descobrir um pouco mais, passou a prestar mais atenção ao que conversavam. Foi quando ouviu os desconhecidos mencionando o nome de seu bom amigo Spectulus e suas insanas ideias. Nesse momento, ela sabia exatamente onde ir, certamente, se estivesse em um novo projeto, Spectulus lhe daria pistas.
…Ansiosa, ela subiu o último lance de escadas da Magic Academy de Edron para entrar no escritório de Spectulus, mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, ele a cumprimentou como se ele já estivesse esperando por ela: “Ah, olá novamente Snoopy Moony! Eu tenho uma ou duas missões para você, além de precisar de ajuda com umas tarefas”.
Perplexa, ela pediu que ele prosseguisse e, assim, ele a convidou para realizar algumas investigações científicas para ele. Inicialmente, aquilo não parecia muito animador, mas quando ele perguntou: “Você não tem medo de fantasmas, não é mesmo?” ela sentiu-se aliviada. Agora sim, parecia que uma nova aventura esperava por ela.
Quando Spectulus perguntou se poderia explicar ao menos três dos seguintes termos: infestações, aparições coletivas, segregações ectoplasmáticas, fenômenos de campo ectomágicos, noção neuro-especulativa subconsciente dos espíritos, fantasmas e/ou assombrações, ela rapidamente consentiu, sem pensar direito a respeito. Ela queria que esta missão fosse dada a ela e não queria nada em seu caminho.
No entanto, aquelas palavras ressoavam em sua mente e uma pontada de pavor lhe tomou. A maioria daqueles termos não significavam nada para ela. Sua insegurança aumentava. O que ele queria dela? “Espero dar conta”, ela pensou, preocupada.
Spectulus parecia satisfeito com esse consentimento inicial: “Excelente! Você topa? Que interessante!”, ele continuou, “Precisamos converter as reencarnações das almas de esporos super-luminescentes, que eu, recentemente, confirmei em condições laboratoriais. Tenho certeza de que você ficará feliz em saber que fontes de magia podem influenciar a psi- ah, me desculpe, acabei me empolgando. Bem! Digamos que mal posso esperar!”
Spectulus explicou que ele tem trabalhado em conjunto com Sinclair para descobrir mais a respeito de fenômenos tão complexos como são os fantasmas. Algo que ele disse pareceu curioso: “não só os explicaremos, mas também os ‘removeremos’. Mas, primeiro, precisamos saber mais sobre fantasmas em geral. Ainda preciso de mais informações e valores para calibrar adequadamente a orientação mágica dos estimuladores de faíscas cor de laranja e turquesa, dos quais precisamos para conter as emissões fantasmagóricas. Então, você topa?” Ele perguntou, e Snoopy concordou, apesar de não ter mais tanta certeza. Ela não entendeu nada do que ele disse, mas, depois de ter afirmado seu conhecimento de forma ousada e sem pensar, ela achou que não poderia recusar o convite.
Sem perceber as incertezas de Spoony, Spectulus, animado, entregou-lhe uma espécie de varinha que ele chamou de “medidor de espíritos”, pediu que não a quebrasse e que fosse ao cemitério de Edron. Ela olhou para o item que acabara de receber e olhou para Spectulus como se não tivesse entendido. Ele explicou: “é um espectroscópio modificado. Nós rapidamente descobrimos como melhorar o campo mágico ao redor de cristais comuns de forma que eles que se tornem capazes de absorver e refletir todo tipo e quantidade de energia emitida por qualquer tipo de espírito. Nosso objetivo atual é calibrar e afinar a ressonância.”
Sem ter certeza se aquelas palavras de fato esclareceram alguma coisa, ela não se atreveu a pedir maiores detalhes. Ela se sentiu pressionada a fingir que realmente tinha entendido o que acabara de ouvir. Então, ela simplesmente decidiu ir ao cemitério. Ela sabia onde ficava e o que esperar lá: milhares de ghouls e skeletons. Há algum tempo, aquilo a teria assustado, mas desde então ela havia ganhado mais confiança e sabia lidar com eles, dessa forma eles não eram mais uma ameaça para ela. Estava segura e aliviada, ao menos essa parte de aventura não parecia ameaçar sua vida. Ela ainda não sabia o que fazer com o tal medidor de espíritos, mas, quando chegasse lá, daria um jeito de descobrir…
Antes de começar a pensar mais sobre sua real missão naquele local, ela já havia matado vários ghouls e skeletons. Ela decidiu seguir seus instintos e dar uma chance ao medidor de espíritos. Assim, ela o segurou com ambas as mãos, o apontou para uma das lápides e tentou utilizá-lo, da mesma forma como utiliza sua rod. Nada aconteceu, então ela repetiu com um pouco mais de força. E o que ocorreu na sequência foi algo bem nojento: uma substancia incrivelmente pegajosa saiu das fendas da velha lápide e começou a atacá-la! Rapidamente, ela matou aquele slime viscoso. Surpresa com aquilo e ainda sem fôlego, ela tentou novamente, repetiu mais algumas vezes e o resultado era sempre o mesmo.
Ela não tinha certeza se era realmente aquele efeito que Spectulus queria que ela descobrisse, mas, sem dúvida, parecia uma descoberta estranha e importante o bastante para ser notificada. Assim, feliz por ter conseguido algum resultado, ela montou Truly Dooly e saiu daquele local horrível…
“Deixe-me ver o medidor espectral”, disse Spectulus. “Hummm… esses registros que você fez são de matar – você me entendeu. Mas isso é incrível! Agora tenho certeza de que só preciso de um pouquinho de energia mágica para calibrá-lo.” Sem saber se “de matar” foi um trocadilho intencional ou não, ela preferiu ficar quieta. Ela não sabia se Spectulus estava satisfeito ou não. Ele a convidou para continuar ajudando com a pesquisa, e isso foi um alívio para ela. Ele pediu que ela fosse ao andar de baixo para que Sinclair lhe desse uma gaiola espiritual para poder coletar a essência de um fantasma comum, uma análise mais detalhada.
Snoopy, ainda sem entender o que estava acontecendo, escutava agradecida as explicações adicionais que Sinclair lhe dava após ter trabalhado um pouco no estranho dispositivo que ele agora mostrava a ela: “A gaiola espiritual era uma versão portátil e segura de uma câmara espiritual. E, enquanto estiver ativa, é possível mudar sua posição pois a barreira mágica é infinitamente menor e se ajustará a mudança. Contudo, só poderá conter um número limitado de espíritos ou fantasmas. A gaiola foi calibrada com base em alguns testes que fizemos, e também de acordo com suas descobertas no cemitério. Ao derrotar um fantasma, utilize este dispositivo em seus restos para capturá-lo dentro da armadilha. Assim, podemos transferi-lo para nossa câmara espiritual, que é uma barreira mágica propriamente dita. Então, o que queremos a princípio é que você encontre um espécime, capture-o e traga-o aqui para testarmos a capacidade do dispositivo. Você está preparada para isso?”
Perguntando-se onde encontraria um fantasma, mas aliviada por ter compreendido claramente sua tarefa, ela aceitou a missão. Ela tinha ouvido rumores a respeito de navios fantasmas e essa ideia veio a sua mente, mas como se procura por um navio fantasma? De qualquer forma, ela não sabia se esses rumores eram verdadeiros, então ignorou essa possibilidade.
Embora nunca tivesse visto um ghost quando esteve em Drefia, em Darama, ela tinha ouvido vários relatos de que essas ruínas eram assombradas. Inclusive, as pessoas diziam que eram as almas dos antigos habitantes, apesar de tudo aquilo parecer conversa de bêbado, ir a Drefia parecia ser sua melhor opção.
Assim, ela começou os preparativos para a viagem. Certificou-se de que tinha poções, runas, dinheiro e claro, comida suficiente. Ela montou em Truly Dooly e partiu para Darashia viajando de tapete mágico e, da cidade, seguiu rumo às montanhas do oeste, onde ela sabia que estava a passagem que deveria atravessar. Ao longo da viagem, ela estudou um pouco de magia em seu livro de encantamentos. Ela estava extremamente nervosa. Ela sabia chegar a Drefia, mas nunca havia cruzado aquelas montanhas sozinha. E ela tinha muito medo dos demon skeletons, que quase a mataram na ultima vez em que esteve em Drefia com alguns amigos. Contudo, como agora ela já tinha mais experiência, ela esperava que fosse capaz de se defender deles sozinha, precisaria apenas de concentração e foco.
Passado algum tempo em Drefia, ela sentia-se mais confiante. Matou tantos ghouls, skeleton warriors e demon skeletons e tropeçou em tantos sandcrawlers que finalmente perdeu todo o medo e começou a ficar impaciente. Ela viu até um zombie, mas nada de ghost. Tudo o que ela queria era sair daquele local quente e horrível. “Os ghosts tem que estar em algum lugar por aqui. Se não estão no meio de todos esses mortos-vivos, onde mais estariam?”, ela pensou. Ela começou a achar que talvez ghosts não existissem e que, de fato, Spectulus e Sinclar estariam loucos, assim como as pessoas comentavam na agência dos correios.
Mas, ao ir mais para o oeste, ela viu de repente uma sombra branca transparente escondendo-se em uma das ruínas. Finalmente! Ela tinha certeza de que havia encontrado um. Ela o observou por um tempo e, depois, cuidadosamente, se aproximou de seu alvo, silenciosamente matando as criaturas ao seu redor, de forma que ela tivesse espaço suficiente para usar a gaiola espiritual sem se colocar em perigo desnecessariamente. Acabou que capturar um ghost, foi uma tarefa entediante, mas ela conseguiu. Quando utilizou a gaiola, uma luz brilhante irradiou de seu interior e sugou todo o restante da energia do ghost para dentro.
Orgulhosa e aliviada por finalmente poder ir embora daquele lugar quente, ela correu para casa. Aquela terra quente e deserta não era para ela, que ansiava por retornar aos campos verdes e exuberantes ao redor de Edron e sentir a brisa fresca e úmida que circulava dentro das muralhas do castelo…
Quando Sinclair perguntou se tinha ela tinha capturado o fantasma de verdade, ela percebeu um pouco de descrença. Então, seu orgulho protestou, mas ela preferiu engoli-lo, guardar para si todas as queixas a respeito dessa missão que surgiram em sua mente durante toda a longa viagem de volta e deu a ele a gaiola como se tudo tivesse sido moleza. Sinclair pegou a gaiola e transferiu a essência do fantasma para a câmara espiritual. “Você realmente nos ajudou muito com isso! Obrigado, Snoopy Moony! Acho difícil que eu e Spectulus tenhamos tempo de coletar espécimes em um futuro próximo. Se você quiser, pode continuar nos ajudando a encontrar e capturar mais tipos diferentes de fantasmas.”
Snoopy Moony estava boquiaberta. Então um caçador de espíritos era realmente alguém que caçava fantasmas? Ela ficou pasma, pois, na sua mente, era algo diferente, pois o título parecia tão legal e empolgante… Mas, ao se lembrar de como se sentiu mal em Drefia e o tempo que levou para encontrar um ghost, ela rapidamente respondeu: “Bem, obrigada pela oferta, Sinclair! Mas terei que pensar mais a respeito. No momento, preciso dar um trato em Truly Dooly. Talvez eu volte mais tarde!”
Sem esperar por um resposta, desceu correndo as escadas e dirigiu-se para Stonehome. Quando a torre da Magic Academy saiu do alcance de seus olhos, ela suavemente se lançou sobre o campo verde e fresco e abraçou a terra. Estava muito feliz de ter voltado para casa. “Caçador de Espíritos… Sim, é um título bacana, mas não para mim!”, pensou.
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