Esta é a continuação da história do herói tibiano, Tibicus. Clique nos links abaixo para ler os capítulos anteriores:
Tibicus teve uma semana para encontrar dinheiro de resgate suficiente para seu chapéu. Será que ele conseguiu? Será que vai conseguir recuperar seu maior tesouro? E o que mais está esperando por ele no lugar marcado para o resgate?
Uma semana se passou desde que Tibicus recebeu a carta o chantageando. Uma semana marcada pela dor, violência, desespero e luta. Ele tinha feito o seu melhor, mas ainda assim, ele havia falhado. Ele havia juntado quase 200.000.000 em moedas de ouro. Consideravelmente mais do que se poderia esperar, dadas as circunstâncias, mas ainda era menos da metade da soma exigida. Em seu desespero, Tibicus chegou a vender uma grande parte de sua coleção significativamente abaixo do preço no Market, mas mesmo essa renda extra era pouco mais que uma gota no oceano.
A hora chegou. Não havia mais nada que ele pudesse fazer. Hoje era o dia e ele teve que enfrentar o fato de que ele havia falhado. No entanto, ele não tinha perdido a esperança e se dirigiu para o local marcado para o resgate com o ouro.
Talvez ele pudesse negociar com os chantagistas, embora não tivesse alcançado o valor solicitado. 200.000.000 em moedas de ouro ainda uma fortuna. Ele não se sentia à vontade viajando pelas terras perigosas de Tibia com tanto dinheiro em sua mochila, mas ele não tinha outra escolha.
Evitava as estradas principais, preferindo manter a relativa segurança dos bosques e, ao fazê-lo, conseguiu evitar os bandidos de Beefo que aterrorizavam a área em torno de Thais. Um encontro com eles neste momento seria uma das piores coisas que poderiam acontecer com ele.
Demorou algum tempo para chegar ao local do resgate. Os sóis já estavam se pondo e envolveram a suave noite de verão em uma tenra luz azul-púrpura.
Os últimos raios estavam desaparecendo por trás do enorme vulcão que dominava o horizonte de Goroma, enquanto Tibicus passava de barco pela ilha até o ponto de encontro. Seu destino era Kharos, a ilha em que ele havia obtido seu maior tesouro. Um tesouro que ele agora esperava recuperar. Aqui, na citadela do Ferumbras.
Suas memórias vieram à cabeça ao respirar o frio ar salgado do mar e de repente sua mente foi transportada de volta. Voltando ao dia em que ele havia sido um dos muitos jovens cavaleiros que partiram para lutar contra o malvado feiticeiro, cujo retorno havia sido predito pelas lendas e oráculos de Tibia.
Barricado atrás das muralhas de sua citadela, o mago pretendia causar medo e terror em todo o Tibia novamente. Apoiado por um exército de demônios sanguinários e outras terríveis perversões, ele forjou planos sombrios de vingança e retaliação.
Inúmeros tibianos corajosos perderam suas vidas naquele dia.
Aquele dia começou com a agonia do orgulho do Tibia. Eles haviam sido aprisionados na cidade, presa fácil para o fogo lançado pelo dragon lord, que fez com que suas armaduras se derretessem em sua carne. As orelhas de Tibicus estavam cheias de gritos, suas narinas com o cheiro acre de metal quente, cabelos queimados e carne queimada.
Muitos de seus companheiros foram despedaçados pelos impiedosos behemoths ou esmagados pelo seu tamanho. Warlocks, protegidos por sua invisibilidade, esgueiravam-se até os magos e paladinos e amaldiçoavam suas almas à condenação eterna.
Demons haviam cavado suas garras afiadas no peito dos cavaleiros, quebrado suas costelas e arrancado suas entranhas.
Das escadas que levavam aos andares superiores corriam rios de sangue e os corredores estavam cheios dos gemidos daqueles que não tiveram a sorte de morrer rapidamente. Apenas uma fração das centenas de tibianos conseguiu chegar na sala do Ferumbras.
A luta foi implacável e cruel. Mas no final eles conseguiram. Somente com o sacrifício daqueles que haviam dado a vida naquele dia foi possível enviar o bruxo de volta ao abismo e foi Tibicus quem trouxe o chapéu de volta a Thais como sinal de seu triunfo.
Tibicus voltou à realidade quando o casco de seu barco bateu na praia de pedras com um ruído alto. Foi há muito tempo que ele tinha visitado este lugar pela última vez. Quando ele sentiu o chão sólido sob seus pés novamente, ele percebeu o quanto suas pernas estavam tremendo. Ele respirou fundo novamente, verificou que o ouro ainda estava em seu lugar e caminhou em direção ao seu destino.
Nesse meio tempo, a escuridão se fez presente. Apenas os selos mágicos que mantinham a citadela trancada em segurança lançavam alguma luz. Tibicus leu novamente a carta: “Leve o ouro até a entrada da cidatela do Ferumbras. Coloque-o no chão três passos ao sul da entrada e o chapéu voltará ao seu legítimo dono.”
Tibicus colocou o ouro como instruído e esperou. E esperou. E esperou. Nada aconteceu. Nenhuma alma apareceu.
Quanto mais esperava, mais impaciente ele ficava. E se ninguém vier? E se o chapéu estivesse perdido para sempre? Milhares de pensamentos passaram por sua mente e ele ficou cada vez mais ansioso.
Ele precisava manter o foco! Ele deu alguns passos em direção ao mar. Um pouco de água fria em seu rosto clarearia sua mente.
A lua já estava no alto do céu e iluminava a água à sua frente. As ondas frias do mar batiam ritmicamente ao redor de suas pernas, dando-lhe arrepios. Quando ele se ajoelhou, seu rosto estava espelhado na água. Olhando para o seu reflexo, ele percebeu que não estava sozinho.
No alto do cume da citadela, havia uma criatura envolta em chamas, olhando para ele e observando seus movimentos. Tibicus se virou, mas a criatura flamejante já havia se lançado no ar e partiu em queda livre.
Antes que Tibicus pudesse se mover, o pássaro havia se lançado ao chão, abrindo as asas antes do impacto, para pegar a mochila cheia de ouro com o bico.
O calor que emanava daquele pássaro de fogo era quase insuportável. Assim que a criatura pegou sua presa, ela voltou ao ar e voou para o norte com a mochila.
Tibicus permaneceu em choque na água. Com a boca bem aberta, ele tentou entender a situação. Ele deveria saber que não seria uma troca comum.
Um chapéu do Ferumbras não é algo que se devolve. Quão tolo ele tinha sido em acreditar que seu suplício encontraria um final feliz esta noite.
O suplício de outra pessoa, no entanto, estava prestes a começar. A princípio, Tibicus não se atreveu a acreditar em seus olhos, mas agora tinha absoluta certeza. Ele sabia quem era o chantagista. A asa do Emberwing o havia entregado…
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